Setor está em 21.º no ranking que quantifica os resultados da negociação coletiva específica para trabalhadores LGBTs. Projeto enfrente o problema
Neste sábado, dia 26, A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Vestuário da CUT, CNTRV, deu sequência à etapa regional sul do curso sobre Direitos da População LGBGTQIA+, região sul. Os cursistas debateram o tema “Questões de Gênero e Sexualidade nas Relações de Trabalho numa aula com duração de 2 horas desenvolvida pelo consultor Pérsio Plensack, que é membro do Coletivo Nacional de Formação da CUT. Ele trouxe dados sobre a incidência de cláusulas existentes no ramo vestuário em todo o país para a promoção da igualdade e fim da discriminação. Assista AQUI.
Os dados foram publicados no Almanaque LGBTQIA+ da CUT, material que é fruto de um projeto que também tem o apoio do Solidarity Center, e revelam que o ramo vestuário é o 21.º entre os setores com maior incidência de cláusulas que visam garantir igualdade e maior proteção aos trabalhadores e trabalhadoras LGBTs. Entre as 247 cláusulas encontradas em acordos e convenções dos setores industriais, apenas 6 são do ramo vestuário, o que confirma a importância da implementação desse debate junto aos sindicatos filiados à CNTRV. “Este projeto enfrenta o problema e esperamos sensibilizar as direções do conjunto dos sindicatos filiados à nossa Confederação, em pautar a questão nas negociações coletivas, se possível ainda neste ano”, destacou Miro Jacintho, secretário de Formação da CNTRV.
Acesse AQUI a Cartilha LGBTBQIA+ da CUT.
O relatório aponta ainda que no contexto geral, a maioria das cláusulas, 71,5%, são de acordos por empresa. Para o vice-presidente da CNTRV, João Batista Xavier, os dados refletem a ausência desse tipo de debate nas direções. “Debater o tema LGBTQIA+ ainda é algo raro nos sindicatos. Nosso desafio é ampliar o debate e sensibilizar as direções sobre a importância da negociação de cláusulas específicas”, apontou o sindicalista.
“O Sindicato deve ser um espaço de acolhimento”
Ruander Cezar Alves, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e do Calçado do Vale do Rio Pardo, destacou a importância do acolhimento. “Os sindicatos precisam criar formas de apoiar os trabalhadores e trabalhadoras que sofrem LGBTfobia no trabalho. Esse é um paço importante para ampliar a representação e organizar as pautas”, propôs. Para ele um dos pontos mais evidentes da falta de oportunidades é o fato de ser raro mulheres e LGBTs ocuparem cargo de chefia ou liderança nas empresas de calçado. “Mulheres e LGBTs quase não exercem cargos de chefia e supervisão. Gerência então, pior”, apontou.
Políticas públicas
A professora e vereadora do município de Sapiranga, região metropolitana de Porto Alegre, Rita Della (PT), participou da aula e reforçou a importância do trabalho na vida dos jovens LGBTs.
“A gente precisa ampliar este debate. Cada dia mais vemos LGBTs tendo as portas fechadas para um emprego que é única oportunidade para realizar sonhos, estudar e buscar uma vida melhor. Sem trabalho, além da violência física e moral, os LGBTs sofrem ainda a violência econômica. Sou mãe de um jovem trabalhador gay e sei o quanto garantir igualdade de oportunidades no trabalho é importante”, ressaltou.
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